OS DESAFIOS DO NOVO PRESIDENTE ESTADUNIDENSE JOE BIDEN: COMEÇANDO POR TRUMP

30/11/2020

TEMPO DE LEITURA: 6 MIN.

PORTO ALEGRE - No dia 7 de novembro de 2020, Joe Biden foi eleito o 46º presidente dos Estados Unidos e sua vice, Kamala Harris, se torna a primeira mulher negra vice-presidente da história do país. Após uma intensa corrida eleitoral, e o não reconhecimento da derrota por parte de Donald Trump, o governante democrata se define como um líder que "procura não dividir, mas unificar" (LEMIRE, MILLER, WEISSERT, 2020) um país que se encontra mergulhado em agitações causadas tanto pela pandemia do novo coronavírus que já matou 260,869 estadunidenses - até o dia 25/11 (JOHN HOPKINS, 2020) - quanto pelas questões de justiça racial e justiça econômica. Sendo assim, como serão abordadas as diversas questões mundiais pelo novo governo do futuro presidente?

Abordando as expectativas globais da nova gestão, Biden promete "juntar as peças da quebrada política externa de Trump" (MOORE, 2020). Dessa forma, espera-se do democrata um retorno à agenda do multilateralismo. Ele afirma que no primeiro dia de seu governo retornará os Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde, fora desde julho deste ano. Aliado a isso, o próximo presidente busca tornar o país um líder internacional em mudanças climáticas, retornando ao marco do Acordo de Paris de 2015, propondo uma "reunião climática global" para amparar nações com altas emissões de carbono para tomarem ação imediata e executando um plano de ação de energia limpa para zerar as emissões líquidas de carbono em 2050. De outra forma, o próximo presidente, mais voltado para o Ocidente e indicado como um "romântico sobre o relacionamento transatlântico" (WRIGHT, 2020), terá como uma das prioridades reconstruir as relações com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) assim como países da União Europeia, que na antiga administração eram vistos como inimigos comerciais (WHAT..., 2020).

Sob outra perspectiva, o futuro governo dos Estados Unidos terá uma outra abordagem com alguns países antes considerados aliados. Dentre esses países, podemos citar o Egito, em que Biden considera o atual presidente Abdel Fattah El-Sisi como "o ditador favorito de Trump" (WRIGHT, 2020), ou o Brasil de Jair Bolsonaro no qual a nova administração estadunidense, quanto à preservação da Amazônia, pode indicar o país como um "criminoso do clima" (ARVIN, 2020). Relacionado   ao   Oriente    Médio,    não    se    espera    muito



progresso com o conflito israelense-palestino pois não é projetada uma mudança estratégica na política dos EUA. Todavia, a relação com o Irã, mais precisamente a volta ao Acordo Nuclear de 2015, apresenta opiniões divididas. O novo governo se apresenta favorável ao retorno ao Acordo, mas apesar do presidente iraniano Hassan Rouhani afirmar que a eleição de Biden providenciou "uma oportunidade para os Estados Unidos de compensar os erros do passado e retornar ao curso do compromisso com as obrigações internacionais" (WRIGHT, 2020), o Líder Supremo do Irã Ali Khamenei diz que os resultados das eleições não importam para o país e que é o "definitivo declínio político, civil e moral do regime dos EUA" (JOFFRE, 2020). Por fim, as relações com a China podem indicar um novo desafio, com ambas nações alterando suas narrativas mas ainda sim restringindo as ambições (ALSAAFIN, 2020).

Mas nada do que foi supracitado pode ser realizado se o impasse presidencial não for resolvido. Apesar de Trump aceitar uma transição institucional, ele ainda não reconhece sua derrota, alegando fraude nas eleições presidenciais. Desde o início da apuração, Trump afirma que os atrasos ao processar votos foram um indício de anormalidades que seu adversário utilizou para tirá-lo do poder. Esse desacordo decorre do fato de as eleições dos Estados Unidos serem realizadas com votos manuais e, por conta da pandemia do novo coronavírus, uma considerável parte foram encaminhados por correio, tendo muito impacto em estados considerados 'swing-states'. Para exemplificar melhor, as eleições presidenciais americanas funcionam em duas etapas: a primeira é a votação em cada estado por parte dos cidadãos em um candidato; o candidato que recebe mais votos leva os 'votos eleitorais' daquele estado, representado por um número específico chamado 'Colégio Eleitoral'. Na segunda etapa, os 'eleitores'' dos 50 estados se reúnem em dezembro para então decidir - formalmente - quem será o próximo presidente. O que ocorre é que existem estados que em cada eleição mudam o direcionamento dos votos, sendo assim considerados de muita importância e recebendo a denominação de 'swing states'. Nas eleições de 2020 os ''swing states' foram muito influenciados pelos votos por correio que, para a reprovação de Trump, culminou na vitória de Biden (LEMIRE, MILLER, WEISSERT, 2020; G1, 2020; ALEX PADILLA, 2020).


UFSCMUN, Universidade Federal de Santa Catarina, CSE - Trindade, Florianópolis/SC - 88040-380
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora